O secretário-geral da ONU, António Guterres, anunciou esta segunda-feira que o presidente sírio concordou em permitir a entrega de ajuda humanitária ao noroeste da Síria, controlado pela oposição, através de duas passagens de fronteira com a Turquia, que estarão abertas durante três meses.
“À medida que o número de vítimas do terremoto de 6 de fevereiro continua a aumentar, é de extrema urgência fornecer alimentos, cuidados médicos, proteção, abrigo, materiais de combate ao frio e outros produtos para salvar vidas a todos os milhões de pessoas afetadas”, disse Guterres.
“Abrir estes pontos de passagem – além de facilitar o acesso humanitário, acelerar a aprovação de vistos e facilitar as viagens entre os centros – permitirá que mais ajuda entre, mais rapidamente”, sublinhou.
O responsável pelo grupo de resgate que opera nas áreas rebeldes, conhecido por Capacetes Brancos, criticou a decisão da ONU de consultar Bashar al-Assad para a distribuição de ajuda através de passagens de fronteira com a Turquia, afirmando que tal decisão concedeu “vantagem política gratuita” ao presidente sírio.
"Isto é chocante e estamos perplexos com a forma como a ONU se está a comportar", disse Raed al Saleh, chefe dos Capacetes Brancos, à Reuters.
Esforços anteriores para abrir novas rotas humanitárias foram vetados pela Rússia e pela China, que alegaram que tal decisão, sem o consentimento de Assad, minaria a soberania do regime. A mudança de opinião de Assad surgiu após uma reunião à porta fechada do Conselho de Segurança da ONU na tarde de segunda-feira.
Até esse dia, o único ponto de entrada para a província de Idlib, controlada pelos rebeldes da Síria, era através da fronteira de Bab al-Hawa.
Arábia Saudita envia ajuda para a Síria
Enquanto isso, um avião saudita com ajuda humanitária aterrou esta terça-feira em Aleppo, sendo o primeiro avião da Arábia Saudita a chegar à Síria em mais de uma década.
"As ordens que nos foram dadas pela liderança no reino da Arábia Saudita foram para ajudar o povo sírio afetado pelo terremoto em toda a Síria", disse um membro da delegação saudita à televisão síria, citado pela Reuters.A Arábia Saudita cortou relações com o presidente sírio em 2012 e, desde então, passou a apoiar os rebeldes durante a guerra civil que se prolonga há onze anos.
Até hoje, a Arábia Saudita tinha enviado apenas ajuda humanitária para o noroeste da Síria, controlado pela oposição.
Operações de resgate na Síria perto do fim
Oito dias após os dois fortes sismos que abalaram a Turquia e a Síria, continuam a ser resgatadas pessoas com vida debaixo dos escombros, ao mesmo tempo que começam os funerais das vítimas. Na Turquia, três pessoas foram resgatadas 198 horas depois do terramoto.
No noroeste da Síria, as operações de resgate por mais sobreviventes sob os escombros estão prestes a terminar.
"As indicações que temos são de que não existem mais sobreviventes, mas estamos a tentar fazer as inspeções finais em todos os locais", disse o responsável dos Capacetes Brancos.
Segundo o grupo de resgate, o número de mortos dos dois fortes sismos no noroeste da Síria é superior a 2.200. No total, o número de mortos da Síria, de acordo com a ONU, ultrapassa os 5.800.
Por sua vez, na Turquia, as autoridades reportam mais de 31.600 mortos. Contas feitas, o número de vítimas dos sismos ultrapassa as 37 mil.
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